domingo, 6 de julho de 2014

Relações familiares ruins ou por que não gosto de domingos...

Domingos, em geral, são dias poucos produtivos e pouco divertidos pra mim. São quase sempre sinônimo de tédio e aborrecimento, ou as duas coisas juntas.
Não raras vezes, passo o domingo todo no quarto, saindo apenas para comer. E aí, como todas as frustrações e sentimentos e palavras não ditas. Hoje é um dia assim.
Talvez (eu disse só talvez, ok?) eu seja uma pessoa um pouquinho (bem pouquinho) contraditória: ao mesmo tempo que me sinto muito cheia de atividades ao longo da semana e quero descansar, não sei lidar com tantas horas de ócio disponíveis no domingo.
No domingo, as manias diárias da minha mãe me irritam muito mais do que habitualmente, muito provavelmente porque eu tenho mais tempo pra prestar atenção. Ou por ser rabugenta mesmo, não sei (uma pausa para perguntar quem não se irrita com portas batidas fortemente a cada passada, ou com a tampa do vaso sanitário sempre levantada, ou com o barulho e conversa altíssima bem cedinho só no fim de semana ou ainda o papel higiênico solto tocando o chão???). Ok, eu tenho TOC e coisas fora do lugar e muito barulho me irritam por demais. Ao menos eu tenho tentado me irritar menos.
Porém, sinto falta de ter o meu canto, minha cozinha pra limpar do meu jeito (e tirar aquele maldito pano nojento sempre molhado que ela insiste em usar pra secar a pia e só serve pra acumular bactérias ECA e também não deixar o fogão todo gorduroso), poder andar pelada, sem horários loucos pra comer (saca pessoa começar almoço às 9h e jantar às 15h?) e PRINCIPALMENTE uma TV pra chamar de minha e bloquear definitivamente a Record e seus programas sensacionalistas ridículos (também desejo bloquear o Casos de Família e as novelas repetidas à exaustão do SBT).
Porém, de novo, são muitos poréns. A vida não tem receitinha pra ar certo, né? E aparentemente também não se equilibra em todos os pontos ao mesmo tempo. Um lado sempre vai estar em baixa, inevitavelmente, pelo jeito. Para algumas pessoas, essas questões rotineiras são dramas diante de grandes problemas, mas pra cada pessoa, seu problema é o maior naquele momento. Não é diferente comigo, nem poderia ser.
Desde muito criança sonho ter uma família unida e tínhamos tudo pra ser, mas afeto mandou lembrança no grupo que nasci. Nunca me senti amada, muito menos protegida e, muito provavelmente por isso, seja tão difícil lidar com pequenas questões diárias e burocráticas. Somos 5 irmãos e, na prática, sou filha única.
Minha mãe é uma pessoa embotada, não expressa sentimentos e vontades, age como se tivesse 4 anos e faz birra praticamente o tempo todo. Eu tenho também os meus defeitos e exercitar a paciência tem sido uma tarefa bastante dura. Fico confusa do quanto é limitação da idade dela ou dissimulação mesmo.
Daí me escondo nos domingos e nos outros momentos de folga. Me sinto melhor fora de casa ou quando ela não está. Me irrito profundamente quando ela efusivamente elogia os filhos que sequer ligam par saber se está viva ou para cumprimentar pelo dia das mães ou aniversário. Enquanto sigo comparecendo nas obrigações, nas consultas médicas, nos exames, nas compras, no pagamento das contas.
Tenho um limitação grande :não consigo demonstrar o afeto que  não recebi. Gostaria de sentir aquele amor bonito descrito entre mães e filhos, mas aqui essa mágica não acontece. Meu papel nessa casa (que não consigo ver como lar) é implicar e fazer cumprir as burocracias. Tem muito de carinho nesse meu cuidado quase autoritário.
Eu só queria ter uma família, me sentir protegida, acolhida e, principalmente, aceita. Tudo que eu faço, por menor que seja a ação, sou julgada como arrogante, egoísta, mandona. Preciso ver e compreender o lado de todo mundo, mas o meu lado ninguém se ocupa de ver. Me sinto o próprio patinho feio, dentro do ninho da espécie errada.